sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tolerância

Devemos nós ser tolerantes com as escolhas dos outros?
Eu acredito piamente que sim desde que os outros não nos obriguem a aceitar algo em que não acreditamos...
Sempre respeitei os vícios daqueles que apesar de não os reconhecerem vivem em função deles.
Conheci um Homem obstinado por natureza foi obrigado a isso pela educação impiedosa de uma vida com o único propósito de adquirir bens materiais...
Só se dá a conhecer superficialmente o que é natural pois é uma pessoa distante de qualquer dever de consciência.
Quem o conhece pensa que tem um vício, o do trabalho, porque é uma pessoa que vive a trabalhar, não há nada que se sobreponha a isso, nem família, amor, descanso, filhos, nada mesmo...
Só quem o consegue observar com uma visão mais profunda, consegue identificar que este Homem tem de facto um vício mas não o do trabalho...
O vício deste Homem é o dinheiro, poder ser limitado quanto ás decisões por uma questão de não possuir dinheiro é o que leva este Homem à loucura...
Durante anos este Homem criou trapaças só para manter a aparência, apunhalou amigos desprezou a família, abandonou os filhos, e o que conquistou este Homem?
Nada! Apenas dívidas, é alguém que tristemente não reconhece a doença que tem e vai adquirindo cartões de crédito, contas ordenado, créditos pessoais e tudo em nome de aparências, o que ele ainda não compreendeu é que não é o dinheiro que determina o carácter ou a personalidade de alguém...
É um Homem vazio de sentimentos que nunca vai conseguir encontrar quem o ame porque também ele não tem a capacidade de amar...
Se o destino existe certamente o irá fazer entender isso um dia, desde criança que assisto a todo este ciclo vicioso e nunca vi ninguém a dizer lhe que aquilo que ele faz é desumano e antinatural penso que as pessoas ao seu redor acham que é tão pobre de espirito que nunca iria entender...
Também nunca o confrontei por uma questão de respeito às suas escolhas mas não o deixo de considerar uma pessoa vazia de sentimentos e penso que nunca vai conseguir ter paz na sua vida porque isso não se consegue com o materialismo mas sim com o crescimento pessoal...
Por isso é uma pessoa que apesar de não sofrer com o Amor ou com qualquer sentimento nobre pelo próximo, sofre pela solidão de quem viu ao longo dos anos a ser abandonado por quem estava ao seu lado...

Saudades...

Ontem vi te, não resisti a procurar te... fiquei a olhar te de longe e a pensar como desejo que sejas feliz...
Fiquei a saber que estás ansioso, desiludido, frustrado e que como eu estás a sofrer, e como sempre quando algo não te corre bem, andas a afogar as mágoas naquelas loiras que sempre estão disponíveis para ti...
Gostava de te dizer que iremos ser felizes mas eu própria não consigo acreditar, aquela imagem dos abraços sentidos, dos beijos apaixonados, das histórias cúmplices faz me acreditar que nunca mais irei sentir algo semelhante...
Conquistavamos o mundo juntos e não havia nada ou ninguém que nos impedisse, faziamos tudo juntos e tu eras eu e eu eras tu, eramos o mar e o ceú...
Tu eras um mar calmo e eu o ceú límpido que se encontravam no horizonte ...
Tudo era possivel, tudo era suportavel quando sabia que no final do dia ia estar nos teus braços...
Mas retiraste me tudo isso, deixaste me sozinha quando eu mais precisei e ainda me perguntaste porque é que não podias voltar...
Sei que ainda vais tentar voltar como um barco que precisa de abastecer para continuar o seu rumo mas este porto não está mais aberto para ti...
São muitas mágoas, muitas desilusões, nunca te abandonei e quando mais precisavas estava sempre ao teu lado...
Sempre que precisavas era eu quem te compreendia e era a mim que recorrias mas somente quando precisavas e por isso este ceú ficou saturado e agora chora, chora por não teres tido a força que eu sempre tive...
E nunca compreendi porquê...
Sei que me amas não precisas de o dizer para que eu o saiba, sei que não foi a desistir que te tornaste o Homem que hoje és, não consigo entender porque desististe de mim, de lutar por mim, mas sei que o fizeste...
Porque desististe de te dar a mim se sempre fui merecedora de tudo o que me deste...
Não compreendo Amor, essa ambíguidade...

Preconceitos

Há uma história de um destino marcado pela oportunidade que não posso deixar de revelar, o destino de uma Mulher que sempre admirei desde os meus tempos de criança, foi salva ainda era uma menina com apenas 4 anos da guerra colonial, um casal de retornados que apesar de terem perdido tudo na fuga, não deixaram de num acto de solidariedade de a levarem com eles para longe daquele local onde certamente a aguardaria uma vida de fome, massacre ou quem sabe a morte...
Ao chegar a Portugal este casal ficou com a menina até aos seus 12 anos, altura então, que se viram obrigados, pelas dificuldades sentidas na altura, de ter que atribuir a responsabilidade da continuação da educação desta menina a uma familia com mais posses do que eles, esta menina nunca cortou laços com este casal e tive a oportunidade de a conhecer praticamente desde que me conheço...
Cresceu num ambiente saudável, educado onde as diferenças eram respeitadas e apesar da côr da pele ou raça sempre aprendeu a não ser diferenciada ou a diferenciar...
Conheceu neste local aquele que viria a ser o seu marido, um Homem respeitado, juíz de profissão, inteligente e que fazia questão de dividir os seus conhecimentos com todos os que queriam recebê los , aberto a novos conceitos e que principalmente conseguiu perante uma sociedade muito inquisidora libertar se de qualquer preconceito...
Com o amor que ambos criaram, lutaram juntos para derrubar as barreiras do preconceito dela pela raça e côr e os dele por ser muito mais velho que ela e viúvo com filhos do anterior casamento...
Esta Mulher não se revoltou por ter nascido onde nasceu, nem por ter sido apartada da restante família em tão tenra idade, ou por ter conhecido o marido já depois de este ter tido uma outra vida família ou filhos...
Aproveitou a primeira oportunidade de ser feliz sem preconceitos ou dúvidas de que seria aquilo que a iria fazer feliz, simplesmente...
Abraçou o seu Destino...